quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

DESAFIOS ALBINOS NO ESPÍRITO SANTO

Os desafios que a comunidade albina enfrenta no Espírito Santo e no Brasil

Marcel Carone – Jornalista, apresentador de TV, empresário, ativista social comprometido com a inclusão, embaixador da Vitória Down, idealizador da “Brigada 21” e do “Pelotão 21”. É diplomado pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG) e comendador do 38° Batalhão de Infantaria do Exército Brasileiro.

Com sensibilidade, vontade política e pequenas iniciativas é possível trazer o amparo que os albinos reivindicam, tanto no Espírito Santo quanto no Brasil
Josiane Santos é ativista social em favor dos direitos dos albinos e tem procurado se capacitar, cursando Assistência Social na faculdade.
Foto: arquivo pessoal Josiane

O albinismo é uma condição genética hereditária rara que afeta a produção de melanina no corpo e atinge aproximadamente 21 mil brasileiros, conforme estimativa da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Estima-se que no Espírito Santo o número de pessoas com albinismo chega a aproximadamente 70, segundo dados fornecidos pela Associação de Pessoas com Albinismo do Espírito Santo (APALES). A melanina é o pigmento responsável pela coloração da pele, cabelos e olhos. Quando o corpo não produz melanina suficiente ou nenhuma melanina, ocorre o albinismo.

Existem diferentes tipos de albinismo, sendo o oculocutâneo o mais comum. Nesse tipo, as pessoas geralmente têm pele clara, cabelos brancos ou loiros e olhos claros, que podem variar do azul ao castanho-claro. Além disso, os albinos podem apresentar problemas visuais, como miopia, fotofobia (sensibilidade à luz) e nistagmo (movimentos oculares involuntários). Essa alteração nos olhos é chamada de visão subnormal ou baixa visão, ou seja, ela não pode ser corrigida com o uso de óculos convencionais, lentes de contato, cirurgia e/ou medicamentos.

Uma das preocupações principais para os albinos é a suscetibilidade da pele aos danos causados pelo Sol. Devido à falta de melanina, a pele não possui proteção natural contra a radiação ultravioleta, o que os torna mais propensos a queimaduras solares e ao desenvolvimento de câncer de pele. É extremamente importante que a pele seja protegida com a utilização de roupa de proteção, chapéu, óculos de Sol e protetor solar.

No entanto, é lamentável que os albinos ainda não tenham acesso facilitado a esses itens na rede pública de saúde. Isso é um direito importante, principalmente para aqueles que vivem em condições de vulnerabilidade social. O acesso a esses itens é fundamental para garantir saúde e bem-estar, além de prevenir danos irreversíveis à pele.

Somente mediante uma maior conscientização e ação coletiva poderemos garantir que os albinos tenham os direitos e a proteção que merecem. É fundamental que todos tenham acesso aos cuidados de saúde necessários, independentemente de sua condição genética ou situação social.
O albinismo na infância merece atenção redobrada de toda rede de apoio. Foto: internet

O albinismo afeta pessoas em todo o mundo, independentemente de sua etnia ou origem. Embora seja mais comum em certas regiões, como a África Subsaariana, o albinismo pode ser encontrado em todas as partes do planeta.

Infelizmente, as pessoas nessa condição muitas vezes enfrentam desafios únicos e discriminatórios no dia a dia. Devido à aparência física diferente, os albinos podem ser alvo de preconceito, estigmatização e discriminação em várias áreas da vida, como na escola, no trabalho e na comunidade em geral.

Além disso, a falta de uma legislação apropriada faz com que a comunidade encontre dificuldades no atendimento médico básico e de especialidades. A falta de políticas públicas específicas para essa população provoca isolamento e exclusão social.

É fundamental que as autoridades de saúde e o Poder Público reconheçam a importância de fornecer acesso gratuito e igualitário a itens de proteção solar para os albinos. A matemática deve ser simples! Se temos aproximadamente 70 albinos no Espírito Santo e 21 mil no Brasil, fica mais barato a distribuição desses itens do que o custo com diárias de UTI.

Além disso, é imprescindível que a sociedade aprenda sobre o albinismo, desmistificando os mitos e equívocos comuns associados a essa condição. A conscientização pode ajudar a promover a aceitação e a compreensão, reduzindo assim a discriminação e o preconceito enfrentados pelos albinos e seus familiares.

A luta pelos direitos e pela inclusão é uma responsabilidade de todos. Devemos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais justa, humana, igualitária e consciente, onde todas as pessoas, independentemente de sua condição genética, sejam valorizadas, respeitadas e tenham acesso aos cuidados de saúde necessários.

O albinismo não define uma pessoa. O que importa é realmente a vida, a dignidade, os talentos e as contribuições que cada indivíduo pode trazer para o mundo. Isso é inclusão!

Agradeço de coração a contribuição que minha querida amiga e ativista social, Josiane Santos, deu na construção dessa coluna. Muito Obrigado! Estamos Juntos!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

LINCHAMENTO EM MOÇAMBIQUE

Suspeito de matar criança com albinismo é linchado em Morrumbala

O último fim-de-semana foi agitado na vila-sede distrital de Morrumbala. Um dos três suspeitos da morte de um menor com albinismo acabou linchado até à morte na última sexta-feira, no intervalo das 14 às 15 horas, no bairro Fraqueza.

Na última terça-feira, um menor de idade com albinismo foi morto e as suas pernas foram amputadas, depois de malfeitores entrarem na casa dos pais, de onde o retiraram. Nesta incursão, o pai e a mãe do menor acabaram esfaqueados. O corpo do menor foi achado sem os braços nem as pernas, numa mata, em Morrumbala.

O facto enfureceu a população, que, por sua vez, procurou pelos malfeitores, tendo sido, alegadamente, possível identificar um dos três, o que foi linchado. Em vida, este terá divulgado informações sobre os restantes comparsas.

Já no último sábado, foi achado um dos supostos cabecilhas. Uma multidão pretendia, igualmente, linchá-lo, mas, graças à intervenção da Polícia, foi possível evitar a acção. A Polícia disparou, atingindo cinco pessoas com balas verdadeiras e de borracha. Um jovem de 24 anos morreu e os restantes quatro foram evacuados para o hospital.

Esta segunda-feira, o comando provincial convocou a imprensa para fazer a ocorrência, porém sem muitos detalhes.

“A dada altura dos factos, a Polícia, quando tomou conhecimento, diligenciou uma acção operativa de investigação, que veio a culminar com a neutralização de um dos supostos indivíduos envolvidos neste caso de homicídio. A Polícia neutralizou este e levou-o às celas do comando distrital. Quando os populares tomaram conhecimento da detenção deste indivíduo, que teriam cometido este crime de homicídio qualificado, dirigiram-se ao comando distrital. Munidos de instrumentos contundentes, foram arremessando paus, garrafas e pedras contra as instalações e os membros da PRM que estavam a proteger as instalações naquele dia. Tudo isto com a intenção de invadir as celas do comando distrital, com vista a retirar o arguido que lá se encontrava detido”, disse Miguel Caetano, chefe do Departamento das Relações Públicas no Comando Provincial da Zambézia, frisando que “o objectivo da população enfurecida era linchar o cidadão que estava sob custódia policial. A Polícia posicionou-se, todos os meios de persuasão foram levados a cabo, com vista ao recuo da população, para que não se pudesse materializar aquela acção”, precisou.

Paralelamente a isso, o distrito de Mopeia registou um homicídio qualificado no último domingo. Um cidadão matou a mulher e dois filhos e colocou-se a monte.

sábado, 27 de janeiro de 2024

SERÁ QUE É?



Possível caso inédito de albinismo em saguis é registrado em SP

Animal branco foi avistado em bando de saguis-de-tufos-pretos. Estudos serão necessários para confirmar albinismo na espécie, diz primatólogo.

Por Guilherme Ferraz, Terra da Gente


Um sagui-de-tufos-pretos (Callithrix penicillata) com pelagem branca, pele rosa e olhos claros foi flagrado pelo biólogo Hatus de Oliveira Siqueira, às margens do rio Pardo, próximo a uma usina de cana-de-açúcar, na zona rural de Serrana (SP).
“Durante um trabalho de levantamento de ictiologia (ramo da zoologia que estuda os peixes), no final do ano passado, avistei um indivíduo todo branco em meio ao bando”, conta Hatus.
Siqueira afirmou que nunca ter visto um animal com tal característica em ambiente natural até então. “Fiquei muito surpreso, empolgado e feliz em ver um sagui-de-tufos-pretos possivelmente albino. Peguei a câmera na hora e fiz vários registros”, relembra o biólogo.
O primatólogo e professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV) Fabiano Rodrigues de Melo suspeita que o indivíduo seja albino, porém, segundo ele, serão necessárias pesquisas que possam comprovar tal expectativa.
“Estamos diante, potencialmente, de um caso inédito de albinismo em saguis, porém maiores estudos precisariam ser feitos para podermos cravar”, explica Fabiano.

Albinismo

Conforme o docente, albinismo é uma característica genética conhecida por “estar em homozigose e ser recessiva”, ou seja, só vai aparecer quando dois alelos - em outras palavras, duas amostras dela - vierem juntos no mesmo indivíduo.
“Porque quando ela vem misturada, o que chamamos de heterozigose, ela não se expressa, por isso fica escondida entre as gerações. Ela vai aparecer quando a amostra de um indivíduo que é heterozigoto cruzar com uma fêmea heterozigota e o filhote nascer homozigoto (com duas amostras dessa característica), que é o que a gente chama de homozigoto recessivo”, detalha.
O cientista afirma que dificilmente um animal albino vai gerar um filhote também albino. “É um recessivo de baixa frequência, possivelmente escondido em heterozigose, ou seja, passam gerações sem ter albinos e de repente aparece um, pois a mutação está ali 'escondida'", acrescenta.
As condições leucismo e melanismo recessivo também seguem a mesma lógica. Segundo ele, animais com essas peculiaridades não são excluídos ou abandonados pelo bando, pois os bichos se baseiam muito mais em odores do que em cores.
“Até porque eles não enxergam plenamente em cores. Somente algumas poucas espécies de primatas neotropicais apresentam tricomia”, pontua.
Por ter coloração que difere tanto da vegetação brasileira, os animais albinos e leucísticos acabam sendo mais vulneráveis a predadores. Para Fabiano, esse indivíduo sofre menos risco por habitar ambientes urbanos, com menos predadores e suporte alimentar humano, o que ele ressalta ser uma atitude inadequada da parte das pessoas que fornecem.


Diferenças entre animais albinos e leucísticos

Conforme o estudioso, no leucismo os pelos dos animais ficam incolores e, consequentemente, mais brancos, pois não possuem melanina. Porém, a pele continua com pigmento melânico, então o animal não fica com a pele rosa e nem com os olhos claros, características vistas no albinismo.
“Como o próprio nome diz, albinismo quer dizer branco puro, ou seja, é a perda total da melanina no corpo todo do bicho. No leucismo, basicamente, são os pelos que ficam sem melanina e aí o animal fica com o pelo branco, mas com a pele normal”, ensina Fabiano.

Importância dos registros

Ainda segundo ele, é fundamental que as pessoas que observam a fauna, mesmo não sendo especialistas, registrem esses encontros, pois muitos artigos científicos surgem a partir de flagrantes. Tão importante quanto isso, é manter distância dos animais silvestres, principalmente não oferecendo comida para evitar a transmissão de doenças aos bichos e vice-versa. “É de importância crucial nesse processo de ciência cidadã. Se todo mundo que tiver câmera, celular, puder registrar, sempre sem interação física, sem dar comida, sem importunação, é fundamental. E as pessoas que estão fazendo esses registros estão colaborando muito com o conhecimento que a gente tem sobre a ocorrência do fenômeno nas espécies", finaliza.

ASSASSINOS DE ALBINOS DE MOÇAMBIQUE


Detidos cinco indivíduos acusados de matar jovem com albinismo

Quatro indivíduos são acusados de assassinar um jovem com albinismo e tentar vender suas ossadas por 15 milhões de Meticais.

No princípio de Novembro do ano passado, cinco indivíduos, detidos pela Polícia, na cidade da Beira, terão confessado o assassinado de um jovem com albinismo no distrito de Vandúzi, província de Manica, com o objectivo de, posteriormente, vender as ossadas por 15 milhões de Meticais.

Um dos supostos autores do crime contou que aliciaram a vítima, que era amigo de um dos assassinos, com bebidas alcoólicas, e, quando este já estava embriagado, fingiram que queriam acompanhá-lo até à sua residência e, pelo caminho, estrangularam-no.

“Fomos enterrar o corpo num cemitério local. Trinta minutos depois, retornámos ao cemitério, exumámos o corpo e retiramos os ossos que nos interessavam, nomeadamente dos braços e das pernas, segundo orientações da pessoa que pretendia comprá-los.”

O suposto mandante e comprador estava na cidade da Beira, para onde os autores do crime foram, ao seu encontro. Este, que reside em Maputo, nega que seja o mandante.

“Não sou mandante. Apenas fui contactado por um amigo, denominado Domingos, que me perguntou se eu conhecia alguém que pretende comprar ossos de pessoas com albinismo. Liguei a um amigo que responde pelo nome de Helton a lhe perguntar. Esta foi a minha participação neste crime.”

O SERNIC disse que os indiciados foram detidos em flagrante a tentarem negociar os ossos e que está a reunir outros elementos para depois encaminhar todos os supostos envolvidos para o tribunal em Manica, onde ocorreu o crime hediondo.

domingo, 7 de janeiro de 2024

APOIO MATERNO

 


Mãe revela como ajuda filha a enfrentar preconceito associado ao albinismo


"Sempre conversamos abertamente sobre isso e reiteramos que ela pode fazer qualquer coisa que quiser. O albinismo é algo bonito e não é algo do qual nos envergonhamos”, disse Megan McMorri

Quando descobriu que sua filha era albina, Megan McMorri ficou muito preocupada, principalmente em relação ao julgamento que a filha poderia sofrer de outras crianças. Na época, a família passou por um momento muito difícil. "Eu já estava com meu marido há muitos anos, mas foi a primeira vez que o vi chorar", disse ela em entrevista a revista norte-americana Newsweek.

A pequena Louise, hoje com 9 anos, nasceu com Albinismo Oculocutâneo, que afeta a cor dos olhos, cabelos e pele, conforme informações da Associação Americana de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo (AAPOS). A garotinha também tem uma condição conhecida como nistagmo, que faz com que seus olhos se movam involuntariamente. “Quando ela era bebê, lembro-me de ficar triste porque ela nunca fazia contato visual comigo, essa foi uma das coisas mais difíceis”, lembrou Megan.

Devido ao albinismo, Louise tem que tomar algumas precauções, principalmente com o sol. No entanto, para Megan, uma das principais preocupações da família é quanto ao julgamento das pessoas em relação às condições da filha. Ela relata que uma vez ume menino chamou os olhos da pequena de "malucos" por causa do nistagmo. O albinismo também é uma condição muito estigmatizada no mundo. “A aparência física das pessoas com albinismo é frequentemente objeto de crenças e mitos errôneos influenciados pela superstição, que promovem a sua marginalização e exclusão social”, relata a Organização das Nações Unidas (ONU). “Isso leva a várias formas de estigma e discriminação. No mundo ocidental, incluindo a América do Norte, a Europa e a Austrália, a discriminação consiste frequentemente em xingamentos, persistentes provocações e intimidação de crianças com albinismo", a entidade destaca.

Infelizmente, as pessoas com albinismos também sofrem ataques físicos. Na última década, foram registrados centenas de casos de assassinatos de pessoas com albinismo em 28 países da África Subsaariana, afirma a ONU. Um cenário que deixa Megan muito preocupada em relação à segurança da filha. “O que acontece em outras partes do mundo às pessoas que têm albinismo é simplesmente horrível”, disse ela "É difícil de engolir. As pessoas que têm albinismo já passam pelos seus próprios desafios, e adicionar assédio, brutalização e assassinato à mistura por causa de crenças de bruxaria é incompreensível."

Megan conta que ainda não conversou com a filha sobre a situação de pessoas albinas no mundo, porém, admite que não quer varrer a condição da filha para debaixo do tapete. "Sempre conversamos abertamente sobre isso e reiteramos que ela pode fazer qualquer coisa que quiser. O albinismo é algo bonito e não é algo do qual nos envergonhamos”, a mãe destacou. Apesar do apoio dos pais, Louise ainda reconhece que é diferente de muitas outras crianças. “Quando ela está chateada ou frustrada, às vezes, ela diz 'Eu não quero ser albina!' Mas então, ela percebe que tem uma plataforma incrível que construímos para ela através da mídia social e ela quer ser um modelo para outras meninas ou meninos que também estão vivendo a vida com o albinismo. Sim, existem desafios, mas Louise é uma lutadora e geralmente consegue se adaptar a qualquer situação em que se encontra."

sábado, 30 de dezembro de 2023

O PERIGO NUNCA ACABA

Ataques a albinos continuam na Zambézia, ativistas e especialistas pedem melhores leis e educação

Comissão Nacional dos Direitos Humanos diz que desde 2014 pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram em circunstâncias não esclarecidas.


CHIMOIO — Uma criança albina foi assassinada pelo próprio pai no interior do distrito de Morrumbala, na província moçambicana da Zambézia, em finais de novembro, e mais recentemente um adolescente com albinismo, no distrito de Ile, escapou a uma tenativa de assassinato, mas teve o braço direito amputado, após ser arrancado de um quarto por malfeitores e levado para uma mata, supostamente para lhe serem retirados órgãos que seriam usados em rituais satânicos.

Estas informações foram relatadas à Voz da América por testemunhas e autoridades que voltaram a condenar os novos ataques.

Também estão preocupadas com a segurança das pessoas com albinismo, enquanto ativistas pedem melhores leis para sua proteção.

O rapto, perseguição e assassinato de pessoas com albinismo, em Moçambique, como na região da África Austral, são motivados por crenças e superstições, segundo as quais essas pessoas são fonte de riqueza.

Boaventura João, ativista e defensor de pessoas com albinismo, observa que a província da Zambézia lidera os novos casos de ataques, seguido de Nampula.

Ele aponta que a não detenção até agora dos mandantes desses crimes continua a deixar as pessoas com albinismo “alvos vulneráveis” e “inseguras”.


"Queremos os mandantes"

“As instituições de justiça nunca conseguem chegar aos mandantes dos crimes, esse é que é o grande problema. As pessoas que executam nunca revelam os mandantes dos crimes e aí torna-se um pouco complicado para nós, porque ainda continuamos inseguros”, frisa Boaventura João, também com albinismo.

O também delegado da Associação “Amor a Vida”, de defesa de pessoas com albinismo, reconhece que as leis em Moçambique são brandas contra este grupo, e pede uma legislação mais forte para desencorajar os crimes.

“As leis são fracas porque usa-se o princípio de igualdade de direitos, com pena máxima de 24 anos. A condenação tem sido branda, se colocassem a pena capital, poderiam desencorajar as pessoas que executam. Porque há pessoas condenadas e que voltam a cometer os mesmos crimes, e isso não desencoraja”, acrescenta João.

Ele defende também um trabalho intenso de sensibilização, que envolva as próprias autoridades governamentais, com demonstração de repulsa pública, para corrigir os mitos igualmente.

O sociólogo Abílio Mandlate também concorda com a necessidade de desmistificar as crenças sobre o enriquecimento baseado em parte de seus órgãos, e entende que a falta de mecanismos de proteção pode propiciar os ataques a este grupo.

“Nós crescemos ouvindo que os albinos não morrem, mas sim desaparecem. Ouvimos situações em que albino representa sorte, há lugares em que albino representa feitiçaria, há lugares em que o albino representa maldição, e essas crenças supersticiosas construídas no imaginário popular são predominantes”, anota Mandlate, vincando que falta uma educação virada ao fenómeno.

Ele defende que esta seria a altura em que o albinismo devia ser debatido de forma aberta pelas lideranças comunitárias, pelo Governo e ser introduzido como disciplina nas classes iniciais para desmitificar as crenças e construir sociedades que possam lidar melhor com o assunto.

“Faltas-nos educação e informação mais assertiva sobre os albinos”, frisa Abílio Mandlate.

Dados da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) indicam que desde 2014 pelo menos 114 pessoas com albinismo desapareceram em circunstâncias não esclarecidas.

O albinismo é uma doença genética caraterizada pela ausência total ou parcial de pigmentos na pele, cabelos e olhos.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

UFAL ENSINA ALBINISMO

Medicina abre inscrições para curso sobre saúde das pessoas com Albinismo


A Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) reabriu as inscrições para o curso de atualização em Direito à Saúde para pessoas com Albinismo. Com carga-horária de 40 horas, o curso acontece totalmente a distância, pela plataforma virtual da Ufal. Para participar, basta realizar inscrição no site.


As aulas acontecem até 31 de dezembro, e têm o objetivo de capacitar gestores e demais profissionais que atuam nas unidades básicas de saúde e na educação básica dos municípios alagoanos sobre o direito das pessoas com albinismo.

O Projeto Direito à Educação para Pessoa com Albinismo da Faculdade de Medicina é financiado pelo Ministério da Igualdade Racial. É totalmente gratuito e com certificação pela Universidade.

Mais informações pelo telefone: (82) 9403-6530, pelo e-mail: capacitacaoalbinos@gmail.com ou pelo perfil no Instagram: @direito_albinismo

domingo, 5 de novembro de 2023

ALBINOS APEDREJADOS NA RUA

'Apedrejados na rua': a vida de pessoas albinas na Somália


No início deste ano, cerca de 80 famílias que vivem com albinismo em Mogadíscio se uniram para formar uma associação e reduzir o estigma do grupo. O chefe da associação de albinos da Somália, Mohamed Abukar Abdiqadir, com os seus filhosBBC
Falando sobre o sofrimento de ser um albino na Somália, Elmi Bile Mohamed, de 25 anos, relata um estigma terrível. “As pessoas me dizem que sou um canibal e que comerei suas crianças.”
Mohamed tem lutado para encontrar um lugar para viver na capital do país, Mogadíscio, desde que deixou a sua casa na região de Hiraan. Seus irmãos também sofrem com a condição.
“Fomos continuamente insultados e torturados pela nossa comunidade. Fomos espancados e ridicularizados pela cor clara da nossa pele, cabelo e olhos”, diz ele. “Pensei que encontraria uma vida melhor em Mogadíscio, mas me enganei.”
Mohamed procurou bastante por um quarto numa casa compartilhada, mas foi sempre rejeitado.
Ele acabou pagando US$ 30 (R$ 149) por mês para morar em um galpão no distrito de Hamar Weyne, na parte mais antiga da cidade.
“As pessoas pensam que estou amaldiçoado”, diz ele. “Eles costumam jogar uma mistura de água salgada e ovos crus na minha porta porque acreditam que isso os protegerá de mim.”
Mohamed acabou encontrando um emprego como faxineiro em um restaurante, ganhando entre US$ 1,40 e US$ 4 por dia.
Não durou muito.
Ele foi demitido depois que os clientes pararam de comer lá, dizendo temer que ele os infectasse com albinismo, embora não seja uma doença contagiosa, mas sim uma condição genética.
“Fui de restaurante em restaurante à procura de outro emprego, mas ninguém me empregava”, diz ele. “Acabei mendigando nas ruas, segurando um cartaz com meu número de telefone para que as pessoas pudessem fazer doações por meio de pagamentos móveis.”
O dinheiro que ganha mendigando raramente é suficiente para cobrir as refeições e o aluguel, muito menos o protetor solar e os óculos de que necessita para proteger a pele e os olhos sensíveis.
Pessoas com albinismo têm pouca ou nenhuma melanina, o pigmento que dá cor aos olhos, cabelos e pele, e que oferece proteção contra o sol.
“Não tenho dinheiro para comprar óculos de sol”, diz Mohamed. “Há muita poeira e tráfego altamente poluente no mercado onde peço dinheiro. Meus olhos estão constantemente em agonia e minha visão está se deteriorando rapidamente.”
“Às vezes as pessoas me dão as sobras para comer. Outras vezes não tenho nada.”
Os sonhos de Mohamed de fugir para Mogadíscio para ganhar dinheiro e mandar à sua família, especialmente aos seus irmãos albinos, foram destruídos.
Elmi Bile Mohamed conta que era constantemente hostilizado na comunidade em que cresceu
BBC
‘Motivo do ódio é a ignorância’
Não se sabe quantas pessoas com albinismo vivem na Somália, pois não há dados disponíveis.
O país tem sido afetado por conflitos e instabilidade há mais de três décadas, o que torna impossível obter informações confiáveis.
No início deste ano, cerca de 80 famílias que vivem com albinismo em Mogadíscio se uniram para formar uma associação, Somali Albinos, com que esperam aumentar a conscientização sobre sua situação e ajudar a reduzir o estigma.
Até agora, receberam 86 frascos de protetor solar de mulheres somalis que vivem em outros países.
Recomenda-se que as pessoas com albinismo usem protetor solar de alto fator, roupas protetoras e óculos de sol para reduzir a exposição à luz solar.
A falta de melanina significa que correm maior risco de sofrer queimaduras solares e câncer de pele.
Também causa problemas oculares, pois a melanina está envolvida no desenvolvimento da retina, a fina camada de células na parte posterior do olho.
“Outros somalis com deficiência formaram organizações que fazem lobby pela ajuda do governo e de organizações internacionais”, diz o presidente do grupo, Mohamed Abukar Abdiqadir, de 40 anos. “Eles agora têm direitos. Nós, não.”
“Fui eleito líder da nossa associação porque sou um herói e nunca desisto”, diz Abdiqadir, que tem seis filhos. Tal como ele, todos vivem com albinismo.
Ele ganha a vida vendendo alimentos secos e enlatados em um carrinho no mercado Hamar Weyne. Ele sempre usa chapéu para se proteger do sol forte.
“A razão pela qual as pessoas nos odeiam e temem é a ignorância”, diz ele.
“O mal e a discriminação que enfrentamos não devem nos impedir de lutar pelos nossos direitos e de alimentar as nossas famílias. Se os somalis aprenderem sobre o albinismo, perceberão que somos pessoas como eles.”
Somália vive grande instabilidade política e violência armada há décadas.
Reuters
Por enquanto, o preconceito contra as pessoas com albinismo é tão grave que as crianças com essa condição raramente vão à escola.
“Tirei os meus filhos da escola porque eles eram apedrejados todos os dias”, diz Asha Gele, que tem dois filhos com albinismo.
“Suas peles delicadas foram gravemente danificadas pelas pedras que as pessoas atiraram neles, então agora eu os mantenho dentro de casa o dia todo, todos os dias”, diz ela. “eles não receberão educação, não aprenderão a brincar com outras crianças, mas pelo menos estarão seguros”.
A família paga US$ 40 por mês para morar em uma propriedade improvisada de dois cômodos no distrito de Huriwa, no norte de Mogadíscio.
Suas paredes e telhado são construídos com tecidos velhos e folhas de ferro quebradas e enferrujadas, o que não é suficiente para impedir que a luz do sol penetre e queime a pele das crianças.
“Eu costumava ganhar um dinheiro decente vendendo vegetais no mercado”, diz Gele. “Tive que desistir do meu negócio para ficar em casa com meus filhos. Agora lutamos para sobreviver com os US$ 4 a US$ 6 que meu marido ganha diariamente como motorista de riquixá”.
A senhora Gele diz que o seu casamento está desmoronando porque seu marido a culpa por dar à luz crianças com albinismo. Ele a acusa de trazer azar para a família.
“As pessoas que mais amo – meu marido e meus parentes – evitam meus filhos. Meu próprio irmão mantém distância porque acredita que eles irão infectá-lo com albinismo”, diz ela.
“Mas sempre estarei ao lado deles e os defenderei, não importa o que aconteça. Serei paciente e nunca os negligenciarei. Eles não escolheram viver assim.”

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

UM ALBINO NOS PALCOS

Ator mirim de Terra e Paixão, Felipe Melquiades faz sua estreia no teatro

O ator mirim Felipe Melquiades fez a sua estreia nos palcos do teatro. Além de interpretar o Cristian na novela Terra e Paixão, ele está no elenco do espetáculo As Artimanhas de Molière, dirigido por Cristina Bethencourt e Dodi Cardoso, no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro.

“A estreia foi ótima e uma surpresa. Eu estava com o coração acelerado. Nossa preparação é muito legal, mas não imaginava como era subir em um palco com uma plateia ao vivo, em tempo real. Amei atuar no teatro, é espontâneo e maravilhoso”, disse ele à CARAS Digital.

Os pais dele também ficaram encantados com a estreia do herdeiro. “Nunca vimos o Felipe tão empolgado”, comemoraram nos bastidores.

Felipe Melquiades tem 10 anos de idade, é paulista e se mudou para o Rio de Janeiro para participar das gravações da novela Terra e Paixão. Ele está em seu primeiro trabalho em novelas e está contente em trazer o tema do albinismo para ser tratado na TV aberta. “Terra e Paixão é uma das únicas novelas que trata sobre o albinismo e o bullying contra os albinos”, disse ele em entrevista na CARAS Digital, e defende a importância desse tema na TV. “[É importante que as pessoas saibam] que o albinismo não é raça ou doença, é uma alteração na quantidade de melanina”, declarou.

Ao falar sobre o seu trabalho na novela, ele é só alegria! Felipe contou que foi chamado para fazer testes para a novela e passou. “Minha mãe postou uma foto minha, bem aleatória, e a TV Globo estava procurando um ator albino. Então, a Gy Rodrigues, da Agência Five, me convidou para fazer alguns testes. Minha mãe conversou comigo sobre eu quis muito fazer. Graças a Deus deu tudo certo”, afirmou.

O ator mirim ainda não tinha pensando em seguir carreira artística antes de ser chamado para o teste, mas está adorando a nova experiência. “Estou amando. É bem legal e uma experiência totalmente nova para mim. Está todo mundo me reconhecimento nas ruas por causa do Cristian”, disse ele, que se reconhece em seu personagem. “Ele é bem inteligente, é albino e me representa nas cenas de X-Burger”, brincou ele, citando que os dois adoram comer de tudo.

Na trama, ele contracena com atores veteranos da TV, como Débora Falabella (44), Tata Werneck (39) e Ângelo Antonio (58), e garante que se dá bem com todomundo. “Todos são bem legais. A Débora me dá carinho e atenção. A Tata faz piadas bem legais antes das cenas. E o Ângelo brinca muito comigo dentro e fora das gravações. Eles são maravilhosos comigo o tempo todo”, afirmou ele.

JUKKA

Conheça Jukka, um Doberman albino que tem chamado a atenção da web por sua beleza

Por Ana Carolina Câmara
Os cães da raça Doberman naturalmente chamam a atenção por sua formosura, elegância e vigor, e somado a isso, um cachorro desta raça, chamado Jukka, encanta por sua beleza rara: ele é albino.


O cão de cinco anos vive com a sua tutora, Ashley Carey, no Condado de Oconto, em Wisconsin, nos Estados Unidos, e viralizou na web após a mulher postar um vídeo no seu perfil do TikTok apresentando o mascote.
Jukka é um Doberman albino. (Foto: Instagram/@xoashleycarey)


Na legenda, ela escreveu brincando: “Ele está morrendo lentamente por falta de atenção. Por favor, não o deixe perecer. Ele precisa de mais amor”. Podemos imaginar o quão carinhoso e carente esse lindão é, né?

Nas imagens, o Doberman Jukka aparece com uma expressão triste e carente, claramente desejando carinho. Ao assisti-lo, é difícil resistir à vontade de oferecer afeto e conforto.

J
ukka ama um carinho. (Foto: Instagram/@xoashleycarey)

Embora seja muito amado por sua família, Jukka parece sempre desejar mais demonstrações de carinho. Tem como não querer afofar uma criaturinha dessas?
A publicação alcançou mais de 726 mil visualizações e milhares de comentários de internautas impressionados com a beleza do cachorro.
“Deve ser o cachorro mais majestoso que já vi”, declarou uma internauta.
“Esse é o Doberman mais bonito que eu já vi”, elogiou outro.
“Ele é absolutamente LINDO... e sabe disso muito bem”, comentou uma terceira.
Apesar de sua beleza, a tutora de Jukka não apoia a reprodução seletiva de Dobermans albinos, devido aos sérios riscos à saúde associados a essa condição.

Infelizmente, Jukka foi diagnosticado com câncer de pele e teve que passar por cirurgia para a remoção das manchas.
“Continuarei a conscientizar sobre os Dobermans albinos e por que é antiético criar intencionalmente para a cor!”, declarou Ashley em um post no Instagram.
https://www.amomeupet.org/noticias/9161/conheca-jukka-um-doberman-albino-que-tem-chamado-a-atencao-da-web-por-sua-beleza

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

INDENIZAÇÃO ALBINA

Justiça determina que banco pague R$ 30 mil para funcionária com albinismo por desconsiderar deficiência visual na Bahia


A Justiça do Trabalho decidiu que uma bancária com albinismo, distúrbio genético caracterizado pela ausência total ou parcial de melanina, receba uma indenização no valor de R$ 30 mil por uma agencia bancária da cidade de Itapetinga, no sudoeste da Bahia, por exercer uma atividade incompatível com a deficiência visual que ela apresentava. A decisão cabe recurso.

De acordo com a Tribunal Regional do Trabalho da 5.ª Região (TRT5), a mulher foi designada para lidar com documentos que exigiam a leitura de letras e números em tamanho pequeno, e era cobrada por causa de baixa produtividade.

A bancária contou para a Justiça Federal que o Bradesco, ciente da limitação física, a colocou para auxiliar clientes no autoatendimento. Essa função exigia dela a verificação de documentos pessoais e bancários e o acesso aos sistemas do caixa rápido, todos com letras e números pequenos.

O g1 entrou em contato com a agência bancária, que informou que não comenta casos sub judice.

Por causa da dificuldade de enxergar, a mulher pedia ajuda de colegas, resultando em demoras no atendimento. Como consequência, o chefe a pressionava excessivamente quanto à produtividade e a comparava aos outros funcionários.

A Justiça Federal informou que as cobranças frequentes e o desconforto gerado levaram a bancária a buscar tratamento psiquiátrico, com uso de medicamentos antidepressivos. O órgão afirmou ainda que a agência alegou não ter danos e não impugnou os documentos apresentados pela reclamante.

Uma testemunha ouvida pelo juiz do Trabalho Antônio Souza Lemos Jr. confirmou que a trabalhadora frequentemente pedia ajuda aos colegas para a leitura de documentos. Além disso, relatou que ela era chamada com frequência pela chefia e voltava abatida, chegando a chorar em algumas ocasiões.

A testemunha também comentou que a funcionária não recebeu treinamento específico nem os equipamentos necessários para auxiliá-la no desempenho das funções.

Para o magistrado Antônio Souza Lemos Jr, “não basta abrir as portas do mercado de trabalho. É necessário abrir as portas do mundo do trabalho e torná-lo acessível, considerando as especificidades da Pessoa com Deficiência”.

O juiz destacou que o ordenamento jurídico brasileiro visa a inserção e valorização das pessoas com deficiência, visando "aparar as arestas do mundo".

Ressaltou que o Estatuto da Pessoa com Deficiência dedica um capítulo específico ao Direito ao Trabalho. Nele, é garantido o atendimento às regras de acessibilidade, o fornecimento de tecnologia e adaptações razoáveis ao ambiente de trabalho.

O juiz concluiu que a agência bancária ignorou a deficiência da empregada ao atribuir a ela uma função inadequada e não inclusiva, sem fornecer os meios de acessibilidade necessários. O magistrado considerou que a instituição financeira não apenas desrespeitou a lei, mas também exigiu que a bancária produzisse em níveis iguais aos de colegas sem deficiência.

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

ALBINOS ASSISTIDOS EM ANGOLA

Sistema Nacional de Saúde acompanha mais de duas mil pessoas com albinismo

Mais de duas mil pessoas com albinismo, do universo de 6.818 registadas no país, estão sob acompanhamento do Sistema Nacional de Saúde.

Com a entrada em vigor do Plano de Protecção às Pessoas com Albinismo 2023-2027, publicado no Decreto Presidencial nº 193/23 de 9 de Outubro, o Executivo vai reforçar as acções de salvaguarda da dignidade, do direito de protecção e da integração social deste este grupo.

O Plano de Protecção às Pessoas com Albinismo 2023-2027, abreviadamente designado “PAPPA – 2027”, vai permitir a execução de tarefas sectoriais, com vista ao apoio, protecção e materialização dos direitos e legítimos interesses das pessoas com albinismo e respectivas instituições representativas.

Para a elaboração do plano, enquadrado nas competências e atribuições do Conselho Nacional da Acção Social (CNAS), fez-se a recolha de dados sobre a vida das pessoas com albinismo em todos os municípios do país, assim como a identificação de constrangimentos, descrição do género e da faixa etária e do impacto das condições de habitabilidade a vários níveis.

Em Angola, há raros registos de casos de violência direccionada à pessoa com albinismo. Apesar disso, o Executivo está comprometido com os instrumentos internacionais ratificados, que obrigam o asseguramento de melhor qualidade de vida para este grupo social.

O PAPPA 2027, avaliado em quarenta e sete mil milhões, trezentos e vinte e nove milhões, duzentos e noventa e três mil e quarenta nove kwanzas, está alinhado com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Agenda 2030 dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas e com o Plano de Acção sobre Albinismo em África.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que uma em cada cinco mil pessoas no globo tenha alguma forma de albinismo. Em Angola, até 2027, pelo menos 7.668 poderão entrar nestas estatísticas.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

AQUECIMENTO GLOBAL E OS ALBINOS DO MALAWI

Mudanças climáticas representam ameaça aos albinos de Malawi

Uma pesquisa da Associação de Pessoas com Albinismo em Malawi (Apam) concluiu que cerca de 70% da população albina de Malawi não vai viver além dos 30 anos. O motivo? A grande incidência de câncer de pele entre esses indivíduos.


Segundo censo de 2018, dos 20 milhões de habitantes do Malawi, mais de 134 mil têm albinismo. Isso significa que cerca de uma em cada 150 pessoas são albinas no país do sudeste da África, uma parte relevante da população.

Entre eles, 50 morreram por câncer de pele desde 2020, de acordo com estatísticas oficiais. No entanto, a Apam acredita que o número seja bem maior, uma vez que parte das mortes relacionadas ao câncer não é registrada pelo governo.

Representantes da associação acreditam que a doença seja a causa da morte de 90% das pessoas albinas do Malawi.

O albinismo, o câncer de pele e as mudança climáticas

O albinismo é uma doença genética rara em que uma pessoa nasce com pouca ou nenhuma melanina, que é uma proteína que dá pigmentação à pele, ao cabelo e aos olhos. Dessa forma, uma pessoa albina tem todas essas partes do corpo extremamente claras.

Além da ausência de cor, a falta de melanina também expõe as pessoas com albinismo aos danos causados pelo sol. Em geral, a exposição à radiação ultravioleta pode desenvolver bolhas, envelhecimento da pele (elastose solar) e alterações como verrugas.

Dessa forma, há um risco aumentado de desenvolver câncer de pele. Para agravar o quadro, 85% dessas pessoas albinas no Malawi vivem em áreas rurais do país do sudeste africano, em exposição constante aos raios solares.

As mudanças climáticas são consideradas um multiplicador de ameaças nesse caso. Há algum tempo, o país enfrenta eventos climáticos extraordinários, como seca e enchentes repentinas, além de temperaturas médias mais altas.

Em 2022, as aulas foram suspensas porque as temperaturas estavam acima de 40°C em algumas partes do Mawali. E desde que esses fenômenos começaram a acontecer com mais frequência, as taxas de câncer entre pessoas com albinismo aumentou.

Falta de ação

Ao The National News, moradores relataram que faltam medidas de prevenção do câncer de pele no país. Segundo eles, não há incentivo para o acesso a protetor solar, nem triagem dos casos para o tratamento logo no início da doença.

Em geral, não há um hospital do câncer no país, faltam serviços de atendimento dermatológico e oftalmológico e o acesso a tratamento também é escasso. Um dos entrevistados, Stanzio Joseph, foi encaminhado a cuidados paliativos com apenas 24 anos de idade.

Dessa forma, a situação entre a população com albinismo é um sinal de que mais precisa ser feito para combater as mudanças climáticas e mitigar seus impactos. Contudo, o Ministério da Saúde de Malawi não se manifestou sobre o assunto.

sábado, 21 de outubro de 2023

SAMUEL SOLLAR FALA SOBRE ALBINISMO

O influenciador digital Samuel Sollar conversa sobre albinismo no programa DiverCidade.

RATINHO ALBINO TOCANDO O TERROR

 Lontra e rato albino, contrabandeados em mala de bordo, causam pânico em voo de Bangkok a Taiwan



Uma lontra e um rato levados na bagagem de mão de um passageiro provocaram pânico em um voo que ia de Bangkok para Taiwan em 4 de outubro. Um viajante encontrou o roedor albino com olhos vermelhos quando se dirigia ao banheiro do Airbus A320 em pleno voo.
As comissárias de bordo revistaram o avião e notaram uma segunda criatura – uma lontra de 30 cm de comprimento debaixo de um dos assentos. Imagens mostram o animal rastejando no carpete e os passageiros encolhidos em seus assentos enquanto observavam o caos se desenrolar.
O rato também foi encontrado e acabou mordendo um dos comissários que tentava capturá-lo. A tripulação do avião acabou descobrindo que os animais pertenciam a uma senhora chinesa, que alegou ter comprado as criaturas em um mercado na capital tailandesa.
Uma caixa com 28 tartarugas vivas também foi encontrada no bagageiro do avião, além de uma cobra, uma marmota, duas lontras e dois outros roedores, o que levou a uma investigação sobre contrabando de animais.

SAÚDE ALBINA EM FOCO, NA ÁFRICA

Esta semana no Saúde em Foco, um olhar sobre a vida das pessoas com albinismo em África.Uma organização do Zimbabwe luta contra o cancro da pele entre os albinos.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

FELIPE MELQUIADES ESTREARÁ NO TEATRO

Cristian em 'Terra e Paixão', ator reflete sobre bullying por albinismo: 'Diferente'

Felipe Melquiades é o intérprete de Cristian em 'Terra e Paixão'. Em entrevista à AnaMaria, ele refletiu e contou nunca ter sofrido bullying devido ao albinismo. Ao contrário do ator, seu personagem é vítima de preconceito na escola e o assunto é repercutido na novela das nove da Globo. "Diferente", declarou o menino.

"Graças a Deus sempre tive muita sorte em relação a isso. Nem mesmo na escola, onde acontecem os maiores casos, nunca aconteceu comigo, diferentemente do Cristian", contou Felipe Melquiades. O ator de 'Terra e Paixão' ainda contou quais são seus cuidados com a pele. "Tenho que estar sempre com protetor e hidratando os olhos. O que tenho fora das telinhas, o Cristian também tem".Felipe ainda falou sobre a oportunidade de representar os albinos e trazer mais informações sobre o tema para o público. "Mostrando que nós, albinos, podemos fazer tudo, ter uma vida normal (com os devidos cuidados com a pele e visão). Além disso, tenho conhecido muitas pessoas especiais. Estou muito feliz e honrado com esse presente que o Cristian tem sido na minha vida", afirmou o artista mirim.

Ele contou, inclusive, que nunca havia pensando em seguir carreira artística. "Foi do nada, uma surpresa boa. Eu queria ser jogador de futebol. Hoje, já penso em seguir na carreira de ator, estou estudando para isso, pois tenho muito a aprender ainda e sempre".

Felipe Melquiades gostou tanto de atuar que vai estrear no espetáculo "As Artimanhas de Molière" no teatro, na qual interpretará um personagem já de idade avançada, diferentemente de Cristian. A peça tem sua estreia marcada para 21 de outubro no Teatro Fashion Mall, no Rio de Janeiro.

"Estou amando as aulas, agora já estamos ensaiando uma peça, tá sendo mais uma nova experiência porque é diferente da TV. Não é como eu imaginava. É bem divertido e me ajuda muito em tudo, principalmente na atuação", contou sobre as aulas de teatro que começou a fazer após iniciar em 'Terra e Paixão'.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

MELQUIADES VENCENDO DESAFIOS

Terra e Paixão: ator mirim comenta conscientização do Albinismo na TV

Aos 11 anos, Felipe Melquiades conquistou o primeiro trabalho como ator. Ele interpreta o doce Cristian, personagem que enfrenta os desafios do albinismo, em "Terra e Paixão", novela das nove da Globo. Feliz com o papel, Melquiades destaca a importância de falar da condição genética na TV e ainda conta as dificuldades que teve ao gravar as primeiras cenas do folhetim.

Em "Terra e Paixão", Cristian é filho de Lucinda (Débora Falabella) e Andrade (Ângelo Antônio). Além de lidar com a doença do pai, que sofre de alcoolismo, o personagem enfrenta bulliyng dos colegas da escola devido ao albinismo.

"É bem legal abordar esse assunto porque tem muitas pessoas que acham que o albinismo é algum tipo de doença e fazem bullying com os albinos", diz Melquiades, que tem albinismo óculo-cutâneo, ao iG Gente. Em seguida, ele faz questão de explicar: "Albinismo é só uma condição genética que altera ou zera a quantidade de melanina".

Ao contrário de Cristian, o ator nunca sofreu bulliyng por ser albino. "Nunca sofri nada do tipo, nem 'brincadeira', porque os amigos que eu tenho sempre ficaram do meu lado", comenta.

Dancinha do TikTok e bastidores
Por falar dos amigos, Melquiades fez muitas amizades no set. Ele afirma que foi muito bem recebido por Débora Falabella, Ângelo Antônio e Tatá Werneck - que faz Anely, tia dele.

"A Débora, a Tata e o Ângelo me dão algumas dicas. Quando eu não tenho fala, eles improvisam alguma coisa para mim. Eu, o Ângelo e a Tatá, a gente brinca muito e faz ioga com a Débora. Também dançamos bastante, já até gravei dancinha do TikTok com a Débora e com a Kizi Vaz (Nina)".

Dificuldades em cena

E a parceria com os atores foi presente em momentos difíceis de Melquiades. O ator conta que sentiu dificuldades nas primeiras cenas de emoção e a amizade com Ângelo foi crucial para que ele realizasse a gravação.

"Nas minhas primeiras cenas, que eu não conhecia ninguém lá. Eu comecei a olhar e tinha muitas pessoas. Aí a gente começou a conversar, eu e o Ângelo, a gente se soltou muito rápido. No cenário da casa do Antônio La Selva, na festa que teve no primeiro capítulo, a gente começou a brincar e ele quase quebrou o lustre, foi muito engraçado. Aí eu me soltei! Em algumas outras cenas de emoção eu me senti bem inseguro porque é bem difícil fazer elas", relembra Melquiades.

O pequeno também teve dificuldades em uma cena de choro. "Acho que foi a terceira cena de emoção que tive, que eu tinha que estar triste, tinha que chorar, só que como era uma coisa nova para mim, eu não estava conseguindo me concentrar muito bem. Nessa cena, eu falava que fiquei triste porque o meu pai, o Andrade (Ângelo Antônio), saiu de casa, mas eu não estava conseguindo pegar emoção da cena. Então, quando eu estava passando texto, a minha preparadora, a Tati Muniz, pediu para o Ângelo entrar lá e falar um texto, que ele não tinha, que ela inventou aí para eu criar emoção", relembra o ator mirim.

Ele conta que a estratégia deu certo e até Ângelo se emocionou com a cena: "Depois que [Ângelo] leu esse texto, ele chorou também lá fora, assistindo à cena.. Foi bem legal".

Caiu de "paraquedas" na fama

Melquiades nunca tinha atuado. Ele foi chamado para fazer o teste, pois a Globo procurava por um ator albino, e passou. Agora, o paulista, que se mudou para o Rio de Janeiro para atuar em "Terra e Paixão", está descobrindo um novo mundo.

Ele conta que ficou com vergonha no começo das gravações, pois não conhecia os atores veteranos. "Eu olhava para um lado e meu pai estava falando: 'Olha o Tony Ramos, a Glória Pires', mas eu não sabia quem eram essas pessoas porque eu não assistia novela, eu achava que eram só umas pessoas normais", relata, aos risos.

No entanto, depois se acostumou com o elenco e com a fama. "Eu tiro foto com tudo mundo, paro, dou beijo. Aqui no meu prédio, tem muitas pessoas que me conhecem. Estou gostando de gravar, de conhecer novas pessoas, porque algumas pessoas que eram fãs eu comecei a ser amigo, principalmente na escola", diz ele, animado.

O ator mirim já pensa no futuro. "Se eu fizer outra novela, qualquer personagem que vier para mim está bom [...] Eu nunca pensei em fazer isso, mas eu comecei a gravar, a conhecer o pessoal e vi que eu tinha um talento ali escondido, na parte de atuar e de decorar texto, gostei bastante e pretendo seguir essa carreira".